17.07.2020

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Teste Ergométrico: tudo o que atletas precisam saber

“Do ponto de vista médico-terapêutico, pode significar o tratamento otimizado, trazendo resultados brilhantes baseados na informação do teste cardiopulmonar ou do teste ergométrico.” – Dr. Nabil Ghorayeb, cardiologista do esporte.

Qual o caminho para se tornar um atleta de alto rendimento?

Além de muito treino e disciplina, é preciso conhecer o próprio corpo e os próprios limites – só assim será possível ultrapassá-los. A tecnologia permite que a medicina do esporte processe, avalie e centralize todas as informações, nos mínimos detalhes, a respeito do organismo. Isso é possível graças ao teste ergométrico.

O teste ergométrico, popularmente conhecido como teste de esforço, é um exame que existe há mais de 50 anos. Ele foi sendo aperfeiçoado conforme os avanços da cardiologia. Hoje, um único aparelho é capaz de fornecer dados sobre pressão, batimentos cardíacos, respiração, análise clínica e possibilidade de arritmias e infarto – de crianças a idosos.

A partir desses dados, o cardiologista poderá estabelecer o melhor tratamento para o paciente e o melhor treinamento para o atleta. São esses dados, também, que podem transformar um atleta comum em atleta de alto rendimento e melhorar a performance de um atleta de elite para chegar o mais próximo da perfeição.

Quem pode realizar o teste ergométrico?

Qualquer pessoa pode realizar o teste de esforço, principalmente quem tem problemas relacionados ao coração. Mas o teste ergométrico é fundamental para qualquer atleta que procura desenvolvimento e resistência, independente da modalidade.

Os jogadores do Santos Futebol Clube, por exemplo, fizeram o teste para se preparar para a próxima temporada. O teste de esforço do time foi realizado durante dois dias, com os equipamentos de última geração da Micromed.

Assista ao vídeo na íntegra:

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Confira a entrevista completa com o cardiologista esportivo que realizou os exames dos jogadores do Santos, Dr. Nabil Ghorayeb.

O que é, para que serve e como funciona o teste ergométrico?

O teste ergométrico é um exame que foi inventado no século XX, um pouco antes dos anos 1970, para detectar doenças que aparecem durante uma atividade física. Nos primórdios do teste ergométrico, era feita uma escadinha de três degraus e o paciente tinha que subir e descer. Enquanto isso, fazia-se o eletrocardiograma dele. As informações eram boas mas não eram perfeitas.

Foi se evoluindo e aí inventou-se uma bicicleta ergométrica para fazer os exercícios usando graduação de intensidade. Além do eletrocardiograma, faz-se também uma avaliação da pressão, dos batimentos cardíacos e dos pulmões, e da parte clínica. Tudo isso foi sendo aperfeiçoado e hoje já há um teste ergométrico feito em esteira ou em bicicleta, usando padrões pré-estabelecidos – os protocolos.

Com isso, a gente foi aprendendo o que é normal, o que é anormal, o que é indício de infarto, o que é indício de arritmia, o que é falta de ar causada pelo exercício e assim por diante. Hoje é um exame que, quando bem feito, se torna extremamente útil e informativo.

O paciente precisa fazer algum preparativo para realizar o teste ergométrico? Se sim, quais?

Ele tem que ter algumas condições prévias, por exemplo: não pode estar em jejum, não pode estar tomando determinados medicamentos, não pode ter certos sintomas que impedem de fazer um bom teste e assim por diante.

É recomendado que qualquer pessoa faça o teste de esforço?

Hoje ele é feito desde crianças até idosos e para cada um deles tem um protocolo. E por que a gente faz? 

Existem crianças que têm doenças congênitas do coração – as chamadas cardiopatias congênitas e com isso, pode-se programar uma atividade física recuperadora.

Já para atletas que necessitam muito da informação, doentes que vão realizar transplante de coração e doentes graves de todas as doenças, nós temos protocolos para cada tipo de problema.

Com isso, a gente aproveita o teste ergométrico para determinar se o tratamento está indo bem ou não.

Qual a importância de realizar o teste de esforço?

Ele tem que ser realizado pelo menos uma vez ao ano nos indivíduos que têm alguma doença. E para aqueles que vão fazer exercício físico competitivo, que vão praticar esporte na academia ou que vão correr na rua, é importante saber qual o limite que eles conseguem atingir para programar uma melhoria da capacidade física baseada no teste ergométrico.

Qual a relação entre teste ergométrico e atletas de alto rendimento? E para um atleta que ainda almeja ser de alto rendimento?

Tem uma variante do teste ergométrico chamada teste cardiopulmonar, onde as medidas dos gases que a pessoa inspira e expira dão informações. É muito importante para o atleta de elite porque ele depende de pequenos detalhes para ser o melhor. E esses pequenos detalhes são analisados durante o teste cardiopulmonar. Para um indivíduo que é cardíaco, o teste cardiopulmonar dá muita informação importantíssima para saber realmente o tratamento.

Então a gente consegue ajustar os tratamentos baseado no que a gente popularmente chama de consumo do oxigênio. Dá para saber se a falta de ar que esse indivíduo sente é do pulmão, por conta de uma bronquite, por exemplo, ou é do coração, por ser cardiopata.

O que os resultados do teste podem significar?

Do ponto de vista médico-terapêutico, pode significar o tratamento otimizado, trazendo resultados brilhantes baseados na informação do teste cardiopulmonar ou do teste ergométrico. Já o atleta poderá saber que tem capacidade de vencer determinadas dificuldades através do teste ergométrico cardiopulmonar, que vai trazer algumas informações que fazem toda a diferença em uma competição esportiva de alto nível.

Com os resultados, é possível melhorar a performance do atleta?

Sem dúvida, ainda mais na forma do teste cardiopulmonar ou ergoespirométrico. É impressionante os detalhes que a gente pode colher, informar e treinar para superar aqueles problemas.

É necessário um acompanhamento ou o teste é feito apenas uma vez?

O teste é feito em uma primeira vez para saber como o paciente está e, depois, para saber se a gente atingiu o resultado que queríamos.

Tanto o teste ergométrico como o ergoespirométrico tem que ter um médico presente, porque podem acontecer situações que só um médico consegue diagnosticar. E para o atleta, precisa? Em geral, não. Mas é importante porque o médico vai medir a pressão, vai saber se a pessoa precisa de tratamento, se o remédio fez algum efeito, se houve piora ou melhora e assim por diante.

É importante que tenha um médico com assessoria de um educador físico ou de uma enfermeira. E mais um dado importante: não adianta fazer duas esteiras, por exemplo, com um médico só, porque se os dois estão fazendo exercício e os dois passam mal, quem o médico atende primeiro? Isso é proibido por lei e é considerado uma irregularidade que tem que ser denunciada, porque traz riscos de vida.

Quais profissionais estão aptos a realizar o teste de ergométrico?

Por lei, qualquer médico pode fazer esse exame. Do ponto de vista ideal, um cardiologista que conhece o eletrocardiograma, as suas alterações e as suas dificuldades.

Dr. Nabil Ghorayeb , especialista em cardiologia do Esporte, Doutor em Cardiologia pela FMUSP, Chefe da Seção Médica de Cardiologia do Exercício e do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Especialista em Medicina do Esporte pela SBME-AMB, Membro do corpo clínico do HCor – Hospital do Coração, Hospital Sírio Libanês e BP – Mirante.

por Agência Ouzzi