11.02.2021

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Mortes por doenças cardiovasculares têm crescimento acelerado durante a pandemia

O número de mortes por doenças cardiovasculares cresceu até 132%, no Brasil, durante a pandemia. O dado foi apresentado em um estudo de pesquisadores das universidades federais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro (UFMG e UFRJ, respectivamente), em parceria com estudiosos do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). 

A pesquisa comparou dados de mortes por doenças cardiovasculares entre março e maio de 2019 e o mesmo período de 2020, concentrando-se em seis capitais que constavam entre as cidades mais afetadas pela Covid-19 no início da pandemia: Manaus (AM), Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Recife (PE) e Fortaleza (CE).

A taxa de 132%, a maior, foi registrada em Manaus, seguida por Belém, com 126%, e Fortaleza, com 87%. Na sequência estão Recife (71%), Rio de Janeiro (38%) e São Paulo (31%). Infartos e AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) estão entre as principais causas, mas há um grande número de doenças cardiovasculares não especificadas. 

Em nota à imprensa da Rede D’Or de hospitais, a cardiologista Ludmilla Hajjar afirma ter havido um momento em que 50% dos óbitos de vítimas da Covid-19 ocorriam por problemas cardiovasculares. Ludmilla coordena a UTI Cardio-Covid do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Pandemia compromete o acompanhamento de pacientes cardiopatas 

O medo de contágio pela Covid-19 tem impedido que pacientes cardiopatas deem sequência ao correto acompanhamento de suas doenças. Além da diminuição no número de consultas, muitos deixam de realizar exames de rotina, ou mesmo cirurgias. 

A considerável quantidade de mortes por doenças cardiovasculares não especificadas pode ser reflexo deste cenário, já que muitas pessoas sequer chegaram a obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado. 

Tal situação evidencia os diferentes impactos da pandemia do novo coronavírus, cujas consequências vão muito além da Covid-19. A alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na população brasileira tem sido uma preocupação crescente para profissionais de saúde, já que atrasos no tratamento podem gerar complicações irreversíveis.

Doenças cardiovasculares são problema global

Em 2019, a hipertensão foi a enfermidade que mais matou em todo o mundo, responsável pela morte de 10,8 milhões de pessoas, segundo o relatório anual GBD (Global Burden of Disease), divulgado pela revista The Lancet.

As DCNTs são responsáveis por cerca de 70% das mortes em todo o mundo — 38 milhões de mortes por ano. Destas, cerca de 45% — mais de 17 milhões — são causadas por doenças cardiovasculares. No Brasil, 72% das mortes resultam de DCNTs, das quais 30% são causadas por doenças cardiovasculares

A falta de acesso ao acompanhamento e tratamento especializados é um dos principais agravantes dessa situação, bem como a baixa aderência da população a simples mudanças em hábitos de vida que podem prevenir a incidência de doenças cardiovasculares, ou facilitar seu controle.

Em meio à pandemia, clínicas e hospitais estão adotando protocolos de segurança que ajudam a diminuir o contágio pela Covid-19. Aos pacientes, fica o alerta: apesar do cenário, os procedimentos recomendados pelos profissionais de saúde não devem ser postergados. 

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por Agência Ouzzi